domingo, 20 de junho de 2010

A saúde dos brasileiros piorou



Reportagem publicada reportagem na edição da revista Época de 19/junho/2010.


Uma pesquisa em 27 capitais revela um quadro de obesidade, sedentarismo, má alimentação e abuso de álcool


Nos últimos quatro anos, a renda média do brasileiro cresceu, mas o dinheiro extra não trouxe mais saúde. O Brasil está mais gordo e sedentário. Abusa mais de álcool. Come menos feijão, frutas e hortaliças. Está mais sujeito à hipertensão e ao diabetes. Esse é o retrato de uma pesquisa anual feita pelo Ministério da Saúde desde 2006, com 54 mil moradores de todas as capitais.

O levantamento Vigitel capta o estilo de vida da população por meio de extensas entrevistas feitas por telefone. Não traduz o que acontece em todos os cantos do país, mas dá uma boa ideia do comportamento de quem vive nas capitais e tem renda suficiente para ter em casa uma linha telefônica fixa. O trabalho é baseado na metodologia adotada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos. É uma das mais importantes ferramentas dos governos para monitorar fatores de risco de doenças crônicas e orientar os gastos com medicamentos. O Vigitel ajuda a prever as bombas que vão estourar nos hospitais nos próximos anos, consumindo vidas e comprometendo o orçamento do sistema de saúde. Pelo que a pesquisa vem mostrando nos últimos anos, o Estado brasileiro pode se preparar para o pior. Em várias áreas.
“Os dados mais alarmantes são os índices de sobrepeso e obesidade”, diz Deborah Carvalho Malta, coordenadora de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis do Ministério da Saúde. Entre os entrevistados do sexo masculino, 51% têm excesso de peso (em 2006, eram 47%). Nas mulheres, o índice é de 42% (em 2006, era de 38%). O Brasil está caminhando rapidamente para a situação de países como os Estados Unidos, onde 60% da população tem sobrepeso. “Não acredito que vamos derrubar esses índices. Se conseguirmos estabilizá-los, já será uma vitória”, diz Deborah. Entre as mulheres, ficou claro que o excesso de peso é mais comum entre as mais pobres. No estrato de menor escolaridade (zero a oito anos de estudo), 50% das mulheres têm sobrepeso. Na faixa mais culta (12 anos de estudo ou mais), o índice é de 31%. No sexo masculino, a situação é diferente: a barriga independe da escolaridade.
Nas últimas três décadas, o Brasil viveu uma complicada transição nutricional. Saiu da desnutrição para o sobrepeso (um pouco acima do normal) e a obesidade (bastante acima do normal). Quando uma criança sofre de desnutrição ainda no útero da mãe ou nos primeiros anos de vida, é bastante provável que se torne obesa no futuro – pois seu organismo se programou para viver com pouco. Quando essa pessoa tem mais alimento à disposição, ele vira excesso.
Além disso, o aumento do peso da população também pode ser explicado pela expansão do acesso a alimentos baratos, engordativos e de baixo valor nutricional, como biscoitos, salgadinhos e fast-food. Com R$ 2 é possível comprar legumes e fazer uma boa sopa ou salada – desde que a pessoa tenha interesse e tempo para cozinhar. Um bom termômetro do tempo que as pessoas passam cozinhando em casa é o consumo regular de feijão. Como o preparo é trabalhoso, baixo consumo de feijão é um indicador de maior consumo de fast-food. O brasileiro está comendo menos feijão (o consumo caiu de 71% em ambos os sexos em 2006 para 65% em 2009), um alimento rico em proteínas vegetais, ferro e outros nutrientes.
Entre as doenças provocadas pelos maus hábitos alimentares ou pela falta de exercícios, duas merecem especial atenção: hipertensão e diabetes. Entre os entrevistados, 24% disseram ter recebido diagnóstico de hipertensão (em 2006, eram 21%). O diabetes foi mencionado por 5,8% dos entrevistados (em 2006, eram 5,2%). Mas é difícil saber se essas doenças estão realmente se tornando mais frequentes ou se a população está tendo mais acesso ao diagnóstico.
Assustadora também é a porcentagem de pessoas que abusam de álcool. O governo considera abuso o consumo de mais de cinco doses num único dia em homens e quatro doses em mulheres. No sexo masculino, o consumo de álcool cresceu de 25,5% em 2006 para 28,8% em 2009. É bem mais do que os homens argentinos consomem (14,6%). “A nossa cultura é muito permissiva em relação ao álcool. Ele está sempre associado à celebração e ao lazer. Precisamos educar os brasileiros para mudar essa cultura”, diz Deborah Malta.

sábado, 12 de junho de 2010

Dieta rica em carne pode antecipar menstruação




Matéria enviada pelo professor Alden:



Por EMMA WILKINSOND
BBC Brasil


Uma pesquisa da Universidade de Brighton, na Grã-Bretanha, sugere que meninas que têm uma dieta rica em carne podem começar a menstruar antes que outras crianças. Os pesquisadores compararam as dietas de mais de 3 mil meninas de 12 anos e descobriram uma ligação entre a menstruação antecipada e o alto consumo de carne aos três anos de idade (mais do que oito porções por semana) e aos sete anos (mais de 12 porções por semana). No artigo, publicado na revista especializada Public Health Nutrition, os pesquisadores afirmaram que a dieta rica em carne pode preparar o corpo para a gravidez, desencadeando a puberdade antecipada.
"Carne é uma boa fonte de zinco e ferro, requisitos que são altos durante a gravidez", disse a coordenadora do estudo, Imogen Rogers, da Universidade de Brighton."Uma dieta rica em carne pode ser vista como indicativo de condições nutricionais adequadas para uma gravidez bem sucedida", acrescentou.
Os cientistas pesquisaram meninas de 12 anos e oito meses, separando-as em dois grupos: as que já tinham começado a menstruar e as que ainda não tinham menstruado. Ao comparar as dietas destas meninas nas idades de três, sete e dez anos, eles descobriram que o consumo de carne em idade precoce estava fortemente ligado com a menstruação antecipada. As chances de se ter a primeira menstruação aos 12 anos de idade eram 75% maiores entre aquelas que comiam mais carne aos sete anos. A menstruação antecipada está ligada ao aumento no risco do desenvolvimento de câncer de mama, possivelmente devido ao fato de estas mulheres estarem expostas a níveis mais altos de estrogênio durante suas vidas. Mas os pesquisadores destacam que não há necessidade de as meninas cortarem a carne de suas dietas e sim moderar nas quantidades. Na pesquisa, as meninas de sete anos que se encaixavam na categoria de maior consumo de carne comiam realmente grandes quantidades do alimento, eles afirmaram. Peso
Ao longo do século XX, a média de idade na qual as meninas iniciam a menstruação caiu dramaticamente e agora dá sinais de estabilização. Isto se deve a uma melhora na nutrição e ao crescente nível de obesidade, que tem impacto nos hormônios. Embora as descobertas do estudo atual sejam independentes da questão do peso, o estudo confirma pesquisas anteriores ao mostrar que garotas mais pesadas tendem a menstruar mais cedo.
No entanto, para Imogen Rogers, o peso não pode ser o único fator que influi neste fato, já que a média de idade da primeira menstruação não variou necessariamente com os níveis de obesidade. Ken Ong, endocrinologista pediátrico do Conselho Britânico de Pesquisa Médica, afirmou que no último século ocorreram "grandes mudanças" no momento em que ocorre a primeira menstruação. Ong acrescentou que a ligação com o consumo de carne é "plausível"."Isto não está relacionado a um tamanho maior do corpo, mas pode estar relacionado a um efeito mais direto da proteína da dieta nos níveis de hormônio", afirmou.

Nut.Alden dos Santos Neves CRN: 95100147-7/4ª Região

domingo, 6 de junho de 2010

Alimentação e TPM

Este artigo é da Maria Fernanda Rocha, aluna do 5º período

Sensação que o mundo vai acabar antes da menstruação... É isto que a maioria das mulheres que tem TPM sente!
A Tensão pré menstrual, também conhecida como TPM, é um conjunto de sintomas físicos e comportamentais que ocorrem na segunda metade do ciclo menstrual, nos dias que antecedem a menstruação, podendo ser tão severos que interfiram significativamente na vida da mulher. Ela atinge aproximadamente 75% das mulheres, mas apenas 8% delas têm sintomas muito intensos. Os sintomas variam de mulher para mulher, sendo os mais comuns: irritabilidade e nervosismo; ansiedade – com alterações do humor e sentimentos de hostilidade e raiva; depressão – podendo ocorrer distúrbio do sono e dificuldades de concentração; cefaléia (dor de cabeça); mastalgia (dor ou aumento da sensibilidade das mamas), retenção de líquidos, ocorrendo muitas vezes inchaço ou dor nas pernas; cansaço; acne e aumento do apetite, aumentando também o desejo por alguns alimentos em especial, como chocolates ou doces.
Muitas hipóteses tem sido feitas a respeito das causas da TPM, mas atualmente o que parece prevalecer é que sejam influências hormonais normais do ciclo menstrual que interfiram no sistema nervoso central.

Ocorre a elevação do estrogênio na fase pré-menstrual ou a queda da progesterona, que são os hormônios sexuais femininos. Contudo, esses dois fatores não são os únicos envolvidos: esses hormônios podem afetar os neurotransmissores, tais como a serotonina, causando os sintomas psiquiátricos, como a depressão.
Algumas modificações alimentares podem atenuar os sintomas decorrentes da TPM, para alívio das mulheres que sofrem nessa fase. Para a ansiedade, irritabilidade e insônia, provocados pela elevação do estrogênio e redução da progesterona, deve-se preferir alimentos ricos em magnésio: abacaxí, camarão, vagens, castanhas, nozes, cenouras, folhosos verde-escuros e alimentos ricos em Zinco, como camarão, carne suína, gengibre, alho, nozes e centeio.
Para o aumento do apetite (com voracidade por doces ou o famoso chocolatinho), dor de cabeça e fadiga, causados por baixos níveis de magnésio, deve-se preferir, além dos alimentos já citados ricos em magnésio, os carboidratos complexos e integrais, tais como pães e torradas integrais, que estimulam o funcionamento intestinal, evitando a prisão de ventre e eliminando também o estrogênio contido nas fezes.
Para o aumento da sensibilidade dos seios e inchaço abdominal e facial, que ocorrem devido ao aumento do hormônio aldosterona, deve-se preferir alimentos ricos em vitamina B6 (piridoxina), que controlam o excesso de aldosterona: banana, arroz integral, batata, salmão, lentilha e alimentos ricos em Potássio: feijão, espinafre, banana, água de coco e tomate.
Deve-se evitar sal em excesso, contido em embutidos, enlatados, salgadinhos e alimentos industrializados. Deve - se evitar também a cafeína, contida em café, chá-mate, chá-preto, refrigerantes à base de cola e guaraná, e o excesso de doces: biscoitos recheados e amanteigados, bolos, tortas, doce de leite (que contém sódio, o que pode aumentar a retenção hídrica), e chocolates. O uso de chás, tais como chá de hortelã, é recomendado, pois este é diurético – aliviando os sintomas de retenção de líquidos e inchaço. Deve-se também fazer 6 pequenas refeições ao dia, evitando omitir refeições.
O importante é que se entenda que a TPM não é uma doença, mas sim uma alteração fisiológica do ciclo menstrual feminino, que pode ser resolvida com medidas simples, como modificações alimentares e a prática de exercícios físicos regularmente. Vale também mais uma dica: Quando bater aquela vontade de comer chocolate, substitua-o por banana ou batata, exemplos de alimentos que além de conterem a Vitamina B6, contém o triptofano, um aminoácido que é utilizado para a formação de Serotonina, neurotransmissor que em níveis adequados, evita o humor depressivo nessa fase tão complicada da vida da mulher.
Fonte: SAMPAIO, Helena Alves de Carvalho. Aspectos nutricionais relacionados ao ciclo menstrual. Rev. Nutr. [online]. 2002, vol.15, n.3, pp. 309-317 http://www.scielo.br/pdf/rn/v15n3/a07v15n3.pdf
www.editorialnews.com.br/.../criseDeTPM.gif